Por Cíntia Piegas
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Duas versões para um mesmo problema: o atendimento, ou falta dele, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Laranjal. O resultado foi mais um vidro quebrado, semelhante ao ocorrido em dezembro do ano passado. A Guarda Municipal foi acionada, pois a mãe, desesperada com a dor do filho de dois anos, clamava por orientações. Já os funcionários que estavam na unidade no momento argumentaram que era hora de intervalo - 11h30min às 13h - e não havia ninguém para fazer o acolhimento. O fato aconteceu na terça-feira e movimentou as redes sociais. Usuários da unidade dividem opiniões sobre o atendimento à saúde, mas convergem em um sentido: a equipe precisa ter mais empatia na hora das orientações.

"Cheguei às 11h25min no posto com meu filho chorando de dor no pulso. Achei que era fratura. Não tinha como saber. As portas e janelas estavam abertas, mas ao ver que estava chegando paciente, eles trancaram e disseram pela fresta do vidro para procurar outro lugar, pois lá não havia atendimento. Só às 13h", relatou a mulher, que prefere não se identificar, pois teme sofrer consequências. Ela explicou que não tinha dinheiro para ir em outro lugar e lembrou que, por direito, o atendimento não pode ser negado. "Eles fecharam tudo e me deixaram do lado de fora com o meu filho chorando." A mãe insistiu, batendo na porta - que no caso é de vidro e acabou quebrando - em busca de orientação. "Expliquei que na UPA do Areal sempre mandam de volta para o posto."

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra o desespero da jovem e a reação dos atendentes, explicando que só teria médico a partir das 13h. Os ânimos se alteraram e a equipe disse que iria chamar a polícia, que neste caso é a GM. Uma testemunha confirmou que a funcionária fechou a porta no momento em que a usuária estava batendo no vidro em busca de informações, e por isso se quebrou. Mais calma e, em conversa com a reportagem, ela contou que jamais faria qualquer ato de forma intencional. "Eu estava desesperada. Bati como se fosse um uma porta de madeira. Queria que olhassem", relatou. A chegada da Guarda Municipal piorou a situação da mãe, que se sentiu acuada e preferiu ir embora com o filho. "Tratei ele em casa. Deve ter sido alguma picada de inseto. Mas isso ela (a funcionária do posto) poderia ter dito se ao menos olhasse o braço dele, desabafou. "Reconheço que fiquei desesperada e agora a única coisa que peço é mais empatia dos atendentes".

Intervalo
De acordo com a equipe do posto, eram 11h30min, horário de fechamento da unidade para intervalo, quando a usuária procurou o local. A porta estava aberta, pois uma funcionária ficou para fazer trabalhos burocráticos, e outro para organizar o ambiente. Foi explicado à mãe que não havia ninguém que pudesse prestar atendimento médico qualificado e específico pelo diagnóstico informado inicialmente e, se ela voltasse às 13h, seria atendida pelo profissional. A enfermeira também já havia saído. Após o vidro ser quebrado, a equipe decidiu chamar a GM, que teria oferecido transporte até a UPA Areal, mas que a usuária recusou, indo embora do local.

O secretário de Segurança, José Apodi Dourado, explica que a Guarda Municipal redobrou a atenção nas UBS e sempre que tem alguma situação que fuja da normalidade o 153 é acionado e a GM comparece. O Laranjal também conta com o apoio dos efetivos da BM que estão trabalhando na Operação Golfinho. "Alguns incidentes, todavia, mostram que falta um pouco de empatia e entendimento por parte de algumas pessoas, como nesse caso que foi oferecido pela guarnição da GM deslocamento até o Centro de Traumatologia, inclusive porque o atendimento não poderia ser prestado na UBS e não foi aceito pela mãe da criança", explicou o titular.

Relembre
No dia 4 de dezembro, um casal foi em busca de atendimento na UBS do Laranjal, mas pelo estado da paciente, foi recomendado ir até a UPA Areal. O namorado ficou incomodado com a situação e quebrou o vidro lateral da porta de entrada. Desde então, a equipe pediu reunião com a Secretaria de Segurança do Município, onde solicitou mais atenção.